O que há por trás do “banimento” das sacolas plásticas e não é divulgado

 

 

 

·         O auto-serviço (redes de supermercados) no Brasil está quase na sua totalidade sob o controle três grandes redes, uma européia, uma norte-americana e uma brasileira.

 

·         Tanto na Europa como nos EUA a prática cultural é de “vender” as sacolas nas saídas-de-caixa e não de se “dar” as sacolas plásticas, já no Brasil é o inverso, não se cobra pelas sacolas, independente do valor da compra do cliente, do volume da compra ou da quantidade que se pegue delas no caixa.

 

·         O movimento não é de banimento das sacolas como parece, mas sim um movimento para mudança da modalidade contábil, ou seja, mudança de centro de custo, sai da conta “custo” p/ “receita”. – (observe que os rolinhos plásticos dos hortifrutis não estão sendo condenados, pelo simples motivo que são cobrados quando pesados junto com os produtos que acondicionam). As embalagens plásticas acondicionadoras de alimentos, refrigerantes, bebidas, produtos de limpeza também não estão sendo condenados, apesar de todas serem confeccionadas com material plástico.

 

·         Mas a mudança de uma prática-cultural de qualquer povo não se faz de um momento para outro, e os interessados nesta mudança sabem muito bem disto, por isso estão utilizando três grandes instrumentos para conseguir esta mudança de cultura, estes instrumentos são:

- A Estrutura Governamental -                               (prefeituras e governos estaduais – que através de leis, decretos, projetos proibindo as sacolas, punido estabelecimentos com cassação de alvarás, multas, etc) tentam desencorajar o uso das sacolas plásticas;

- A Mídia -                                                             em seus variados meios de comunicação (em especial os programas televisivos) que escancaradamente através de “merchandising” em prol de uma ou outra grande rede, “satanizaram” as sacolas responsabilizando-as por todos os tipos de problemas, como: enchentes, poluição, sufocamentos, desperdícios, onde só lhe atribuíram malefícios;

- O Modismo do Ecologicamente Correto -           de carona neste movimento, aproveita-se do momento onde gratuitamente ou com baixos custos, embute-se como salvador do planeta qualquer coisa que seja tida como ecologicamente correto, ainda que não verossímil, e como vilão qualquer coisa que se queira formar opinião contrária, neste caso as sacolas plásticas, observe que não se condena com a mesma veemência das sacolas, as embalagens plásticas de bebidas, refrigerantes, produtos de limpeza, embalagens metálicas, (latas), pilhas/baterias, absorventes higiênicos, fraldas descartáveis, etc. apenas porque já são vendidas juntas com os produtos contidos ou como próprio produto.

 

·         Sob a pecha de “ecologicamente incorretas” as sacolas plásticas são responsabilizadas incorretamente como sendo causadoras de impacto negativo no meio ambiente, quando na verdade o problema não reside nelas e sim no desperdício, no descarte incorreto e na falta de uma política adequada de reciclagem de resíduos pós-consumo, em outras palavras o problema está na educação e não no consumo de um ou outro produto!

 

·         Logo depois ou até mesmo dentro deste movimento anti-sacolas plásticas virá a prática da cobrança das sacolas nos caixas com a justificativa de que esta prática da cobrança das mesmas será um fator inibidor do desperdício sendo as mesmas liberadas nos estabelecimentos, porém como serão cobradas pressupõe-se o “não-desperdicio”, e para justificar as sacolas pelo prisma ecológico, virão as sacolas “biodegradáveis” “oxidegradáveis” “oxi-biodegradáveis”, confeccionadas com “material reciclado”, com “matéria-prima de fonte renovável” e toda sorte de apelos ecologicamente corretos, ainda que inverossímil! Destarte, as sacolas antes condenadas, estarão “perdoadas” pois, a cobrança pelas mesmas se justifica pela inibição do desperdício e sendo todas ecologicamente corretas deixarão de ser vilãs para serem “santificadas” como um produto de consumo consciente e ecologicamente correto!

 

·         E ainda nesta “onda” virá uma agregação de valor nas sacolas, pois assim como no papel reciclado tido como ecologicamente correto (utilizados como merchandising por algumas grandes instituições financeiras) que tem um custo menor que o papel virgem, tem o seu preço superior ao não o ecologicamente correto, ou seja, a margem é maior! O mesmo acontecerá com as sacolas plásticas que terão apelos ecológicos diversos para se cobrar mais pelo mesmo produto que antes era dado nas saídas de caixa.

 

·         Como conseqüência do uso de matérias primas biodegradáveis, ou aditivadas com insumos biodegradadores, oxidegradadores, oxi-biodegradadores ou qualquer outro agente acelerador para decomposição ou degradação, certamente estes materiais reduziriam a vida útil dos produtos e conseqüentemente encurtará também os ciclos de reciclagem destes produtos. Destarte, o consumo de matérias primas virgens a médio e longo prazo teria mais um fator para incrementar o seu aumento além do crescimento vegetativo (aumento da população e do poder aquisitivo) e substitutivo (troca de outros materiais por plásticos).

 

·         Pelo approach dos investimentos, no curto prazo provocará uma redução dos investimentos no segmento transformador, e conseqüentemente como efeito colateral um realinhamento dos preços pelo reequilíbrio entre a oferta e demanda com melhorias na rentabilidade do setor fabricante de embalagens e afins.

 

·         Pelo approach mercadológico do setor, a restrição das sacolas reativaria o segmento de confecção dos sacos de lixo plásticos (um pouco esquecidos), que teria sua demanda incrementada para suprimento das sacolas antes usadas para se colocar o lixo. Ainda por este prisma, com a obrigatoriedade do uso de agentes de decomposição e degradação na fabricação das sacolas, viria o incremento no uso destes agentes e um novo nicho de mercado, e também com a obrigatoriedade de dizeres impressos nas sacolas tem-se o fim das sacolas totalmente lisas aumentando a demanda por equipamentos de impressão e agregando valor as sacolas.

 

·         Pelo approach do consumidor, estará o mesmo disposto a abrir mão do conforto e comodidade oferecidos pelo uso das sacolas plásticas ainda que tenha que se pagar por elas?

Nos açougues estaríamos dispostos a voltar a ter as carnes embaladas em jornais, só pelo o apelo da reutilização dos mesmos ao invés das bobinas plásticas?

O leite também voltaria ser comercializado só em garrafas de vidro, pois os embalados em saches (saquinhos) e embalagens longa vida, estariam condenados, pois ambas as embalagens  são ou contém material plástico.

Os próprios sacos de lixo (confeccionados em Polietileno) estariam condenados, pois é a mesma matéria prima das sacolas, e assim voltaríamos a reutilizar latas para acondicionar nosso lixo, colocando-as nas calçadas pela manhã e recolhendo-as a tarde?

As fraldas descartáveis e absorventes higiênicos também são feitos com materiais plásticos, estariam os consumidores dispostos a voltarem a usar panos em seu lugar só porque os panos são reutilizáveis?

Os pneus dos nossos veículos (carros, ônibus, caminhões, motos) são de material plástico e são infinitamente em quantidades (tonelagem) superiores às sacolas, seria possível o banimento dos pneus?

Nossos eletro-eletrônicos também contém ou são de plásticos em sua maioria, só por isso deveríamos bani-los de nossas vidas?

 

 

 

Por

Natanael Gomes

 

 

 




   
   
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